terça-feira, 24 de agosto de 2010

“Uuuuuhh!”


Sua vida é cheia de histórias curiosas; uma das anedotas mais especiais que lhe aconteceu foi quando entrando no picadeiro, ainda sem começar sua atuação, uma criança começou a chorar desesperadamente (provavelmente era a primeira vez que via um palhaço). Charlie não podia começar sua atuação pois o público estava mais atento ao escandaloso choro da criança que ao palhaço. Charlie se aproximou cautelosamente do menino para fazer-lhe um carinho e tentar acalmá-lo, mas o resultado foi o oposto e o menino começou a chorar ainda com mais força, ao mesmo tempo que o público adulto ria em um tom que misturava diversão e ternura. Rivel, que era profundo conhecedor da psicologia infantil, voltou para o centro do picadeiro e começou ele também a chorar, desconsoladamente, solidariamente. Isso foi o suficiente. O menino se calou no ato, com os olhos bem abertos pela surpresa de descobrir que aquele ser vermelho e ameaçador sabia, também, se expressar com sua mesma linguagem, tão transparente e direta: o choro. E Rivel continuou chorando: “Uuuuuhh!”. Quando, ainda choroso, voltou a se aproximar da criança, que já estava calma e olhando-o hipnotizada, esta tirou sua chupeta da boca e a ofereceu a Charlie, num ato de solidariedade primária. O choro de Rivel parou e o público se desfez em aplausos. O palhaço aceitou a oferta da criança e, hoje em dia, aquela chupeta histórica se encontra numa das vitrines do Museu Charlie Rivel de Cubelles.
Rivel usava, geralmente, um longo e justo vestido vermelho, cabelos grandes e laranjas, e um famoso nariz quadrado, reconhecido, ainda hoje, como “o nariz de Rivel”. Como palhaço, atuava de maneira lenta e meticulosa. Ele aparece em alguns filmes, como no “Os clowns”, de F. Fellini. Sobre a arte do palhaço, Rivel sentenciou: “O palhaço não morrerá jamais!”.
Sobre Rivel, disseram:
É a quintessência do palhaço. (Jacques Fabri/ Andre Salle).É o Picasso dos palhaços. (Dimitri).Ressuscita a velha arte de fazer rir. E a ressuscita de maneira sublime. (Jordi Elias).Vê-lo é voltar a viver. E lembrá-lo é voltar a rir. (Nachtausgabe).É um presente dos céus. O público do mundo inteiro se rendeu diante da arte de Rivel. (Eitz).Nos faz rir e chorar, assombrados por sua pureza. (M.D.C.).

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