Da psicologia do palhaço
Quando se fala de palhaços logo faz se a ligação ao universo infantil, muitas são as vezes que se diz que o palhaço é uma criança. O palhaço com sua enorme capacidade de subverter tem muitas características que se iguala com as das crianças, como por exemplo, sua forma de racionalizar e de afrontar os problemas, a transição de humor como a capacidade de passar das lagrimas para as gargalhadas em questão de segundos. Tanto a criança quanto o palhaço vivem no presente, são espontâneos, não se comprometem nem com a lógica nem com a razão. Partilham da ingenuidade, sinceridade e o olhar claro e curioso.
La capacidad de reacción ante La caída, ya sea física o emocional, la Entrega total ante lo que reclama su atención, la ignorancia del peligro, el deseo de abarcarlo todo, la eterna indecisión ante dos fuentes de atracción irresistibles. Y, especialmente el imaginario. Esa capacidad para transportarse a otra realidad, inventada, soñada, recreada desde el deseo de acceder a ella. Una especie de laguna o paréntesis espacio-temporal que posibilita una asimilación de algunos aspectos de la realidad diaria y cercana. Un trampolín hacia el juego, la aventura. Un aspecto fundamental del aprendizaje. Una atractiva simbiosis entre conocimiento y goce. Un elemento de desarrollo personal y entrega. (JARA: 2000 p.52).
Assim nos coloca Jara (ano) o palhaço e a criança possuem laços sutis entre si, no desejo de brincar, jogar, aprender e experimentar. A criança se identifica facilmente com o palhaço, é possível observar quando vemos uma dupla de palhaços onde é fortemente visível o contraponto do Branco e Augusto onde um é mandão e o outro atrapalhado que a criança se identifica com o palhaço Augusto. Apesar de ter características parecidas o palhaço não é uma criança e nem pertence exclusivamente ao universo infantil como bem nos diz Jara (ano, p.53).
Pero el clown no es un niño. Tiene edad de adulto y, por tanto, ha vivido y experimentado mucho más años que un niño. No se puede borrar de un plumazo todo eso de su memoria. Las personas, y los clowns que hay detrás de cada una de ellas, son como son y se comportan de determinada manera como resultado de las experiencias vividas desde su nacimiento.
O palhaço esta mais para um adulto quando não é observado, quando se está sozinho está livre dos olhares de julgamento se esta livre para brincar, imaginar, esta é a grande diferença entre o adulto e a criança. Os adultos agem livremente somente quando estão sós, já as crianças matem este comportamento quase todo o tempo, mas vão perdendo esta capacidade à medida que crescem e assumem o sentido do ridículo. Sendo assim podemos encontrar o palhaço em uma medida certa entre o adulto e a criança, com o comportamento de uma criança, mas sem renunciar a idade e a experiência de vida que já possui.
Aos 82 anos o grande palhaço espanhol Charlie Rivel (Figura 3) se dizia ser uma criança, reconhecido por muitos como “o rei dos palhaços” ou até mesmo como “o Picasso dos palhaços”. Em uma de suas mais conhecidas gags era possível ver Rivel brigar com uma cadeira e “UUUuuul” chorar como um garotinho, uma moça tenta lhe oferecer água, suco, leite, mas ele somente para de chorar quando ela lhe oferece água ardente (cachaça). Ou seja, mais ingenuo e infantil que tenha sido, ainda sim é adulto o bastante para preferir a cachaça.
Figura 3. Charlie Rivel
A capacidade de viver o presente intensamente esta ligada a sua enorme paixão pela vida, o palhaço é intenso e alegre ou triste esta sempre em 100%. Sempre esta por inteiro, se esta alegre esta 100% alegre e se esta triste esta 100% triste. Cada ação está carregada de pura energia. Toda esta energia, intensidade é refletida em seu olhar sincero. Uma das grandes características do palhaço é a generosidade, pois sempre compartilha tudo que acontece com o seu publico através do seu olhar, seu olhar é claro, é verdadeiro mesmo quando tenta ocultar. O palhaço esta sempre com os olhos bem abertos buscando compartilhar cada ação, seu olhar é frontal, seu nariz indica onde vai olhar.
En el clown, la mirada es una puerta abierta para comunicar, para expresar. Nunca para ocultar ni siquiera cuando lo intenta. Es una puerta social para el intercambio, el puente de comunicación de su mundo interior. Y la manera de confrontar éste con el de los demás con las normas sociales. (JARA 2000, p.67).
Ou seja, o olhar do palhaço é um convite para brincar, para adentrar seu universo de digna cumplicidade. Assim como uma criança necessita do olhar e da atenção dos pais o palhaço necessita do seu público, em sua cumplicidade não deixa que nada passe despercebido. Por exemplo, se em meio uma cena aparece no canto do palco uma barata e somente o palhaço vê, ele vai olhar a barata por três segundos, olhar o publico por três segundo e tornar a olhar a barata e assim faz com que todos percebam sua presença, em seguida não a ignora tornando a parte de seu jogo. Como bem diz Jara: - Se um clown não nos olha, não existe.
Seguro de si o palhaço sempre diz sim a qualquer proposta, pois é seguro de si e por isso crê ser capaz de fazer qualquer coisa, mesmo que isso signifique meter se em confusão, o que provavelmente vai acontecer, todavia encontra o positivo em tudo. Um grande vencedor no fracasso, pois encontra prazer em tudo que faz como diz o palhaço norte americano Aviner, não se tem sucesso sempre, ou seja, é preciso fracassar magnificamente. Em entrevista pra revista anjos do picadeiro 7 Avner (2008, p.91/92) diz:
Que o palhaço representa psicologicamente um conforto pra você mesmo. Por exemplo: o telhado quebra e todo mundo começa a gritar, mas o palhaço diz: “Eu posso ver o céu!” Se o palhaço cai de uma arvore e fica pendurado por uma unha, ele olha pra arvore e diz: “Que interessante!” Enquanto ele continuar inocente e interessado em tudo, estará vivo.
O palhaço oculta somente o nariz e revela seu melhor lado, o mais bonito e humano, pois através deste código se pode fazer ou dizer coisas que dificilmente faria de cara limpa. O nariz vermelho é considerado a menor mascara do mundo e como bem sabemos as mascaras fazem parte de varias culturas em vários tempos, na sua grande maioria com caráter ritualístico que podem provocar estranhamento, medo e risos. Usamos mascaras o tempo todo para cada lugar e ambiente que estamos, mascaras bonitas para seduzir, mascaras de vitima, todavia a mascara do palhaço nos revela quem realmente somos. Adotar a mascara do palhaço é exercer uma esquizofrenia sã assim como diz Jara.
Es decir, nos transformamos. Adoptamos otras personalidades para determinadas situaciones. Realizamos un cierto ejercicio de esquizofrenia y, pasado El trance, volvemos a ser nosotros mismos. Es exactamente igual que lo hacemos en carnaval. Nos disfrazamos y nos comportamos de una manera distinta a la habitual. Transgredimos nuestras más férreas normas sociales y morales para asomarnos, excitados a la frontera de lo prohibido. Por unas horas o unos días dejamos que alguien nos sustituya mientras nosotros intentamos curarnos u olvidarnos de nuestras miserias. (JARA 2000, p.61).
O nariz vermelho é mais do que apenas uma mascara, ele funciona como um dispositivo de liberação, onde se coloca para fora a personalidade de cada um. Existem lendas para origem do nariz vermelho, a mais difundida se passa no período do circo moderno com números de equilibrismo sobre cavalos. Assim como Aviner nos conta em uma entrevista na sétima edição do Anjo do Picadeiro (2008, p.92).
No circo é tudo virtuoso. Nós não podemos ter empatia. Uma pessoa entra numa jaula cheia de leões e nós dizemos: “uau!”. Alguém sobe 10 metros e anda numa fina corda: “Uau”. Mas não podemos entender isso! Então precisamos de um intermediário entre nós. Nos circos antigos algum cara que parecia estar indo do seu trabalho para casa, entraria no círculo onde andavam a cavalo e diria: “Uau!”. Ele pula em um cavalo, e está sempre sentado de costas, a capa tampa seu rosto, e nos identificamos por que é um de nós. Ai temos a ligação emocional. Esse é o palhaço. Ele é o nosso representante nesse mundo de problemas. Por que uma pessoa normal entraria lá? Por que eu não faria isso. Qual é o símbolo da perda de inibição? Álcool! E o símbolo do álcool, o nariz vermelho. Então essa é a historia do nariz vermelho.
Apesar de esta lenda ser a mais difundida existe diversas lendas e historias que rodeiam as origens do tão simbólico nariz vermelho, assim como o nascimento do palhaço augusto, o mais atrapalhado da dupla de palhaços, onde este usa o nariz vermelho e o outro conhecido como Cara Branca ou Clown Branco não costumava usar. Castro (2005, p.70) diz:
Conta a lenda que , em 1969, Renz diretor do circo alemão que levava seu nome, furioso com sua equipe de cavalariços, começou a berrar por trás das cortinas durante um espetáculo. Um jovem tratador, chamado Tom Belling, ao tentar fugir da fúria do diretor, acabou se atrapalhando e entrou em cena. Nervoso, tropeçou nos tapetes, caiu no chão e foi expulso pelos artistas com um belo pé na bunda. O publico riu e começou a gritar: - Auguste! (idiota, na gíria alemã da época). Vendo aquilo, Renz percebeu o talento dramático do jovem Belling e as possibilidades cômicas do personagem do auxiliar idiota e atrapalhado, a quem chamou augusto.
Para Bolognesi (2003) para entender as razões pelas qual o Augusto se firma, é preciso entender a situação histórica da social época. Segundo ele:
No Augusto, tudo é hipérbole. A roupa é larga, os calçados são imensos, a maquiagem é exagerada e enfatiza sobremaneira a boca, o nariz e os olhos. Essa figura, que está presente na atualidade do circo brasileiro, é fruto da sociedade industrial e de suas contradições. O toque diferencial residia justamente nos ingredientes individuais e subjetivos que o artista adicionou á relativa rigidez dos tipos e máscaras cômicos. Portanto, características psicológicas associaram-se à fixidez do tipo, abrindo caminho para a diferenciação e individualização dos palhaços. (2003, p. 78).
Ao analisar a dupla de palhaços, Branco e Augusto podemos perceber Solidificação das mascaras cômicas da sociedade.
Lazzari (2009, p.42) comenta:
Vestir a menor mascara do mundo, o nariz do palhaço, coloca-nos dentro de uma elegância ética da complexidade em que a relação de poder é o foco diretamente ligado à relação de superioridade que um individuo pensa ou necessita exercer sobre o outro.
O Augusto seria o marginal, aquele que esta fora dos padrões, já o Branco seria a voz autoritária da ordem. Dario Fo (apud Bolognesi 2003, p.78) afirma.
Os palhaços sempre falam da mesma coisa, eles falam da fome: fome de comida, fome de sexo, mas também fome de dignidade, fome de identidade, fome de poder... No mundo clownesco há duas possibilidades: ou ser dominado, e então nós temos aquele que é completamente submisso, o bode expiatório, como na commedia dell’arte; ou dominar, e então nós temos o chefe, o clown branco, o que dá ordens, aquele que faz e desfaz.
Podemos encontrar na dupla formada pelo inglês Tudor hall (1864- 1921) e o cubano Raphael Padilla (1868- 1917) Footit e Chocolate (figura 4), um dos mais brilhantes exemplos do Branco como o autoritário que mal trata e desconta suas frustrações no pobre e idiota do Augusto.
Figura 4 - Footit e Chocolate
muito bacana seu blog, parabéns! Visite o nosso:
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Fico feliz que tenha gostado, visitarei com certeza!
Excluirbeijaum da magra!
:o)
;o)
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